SUSTENTABILIDADE
RESÍDUOS: a face oculta do sistema do capital
Izabel Cristina Bruno Bacellar Zaneti*
Laís Mourão Sá**
Valéria Gentil Almeida***
Resumo: O artigo propõe uma reflexão sobre as condições estruturais que determinam o fenômeno dos sistemas de reciclagem de resíduos sólidos na sociedade contemporânea, com especial ênfase no aspecto das relações de trabalho e na lógica da produção. Nesta perspectiva, examina-se a relação entre a produção de resíduos, o desequilíbrio ecológico e o estágio atual de desenvolvimento das forças produtivas, dentro da racionalidade do sistema de produção do capitalismo avançado, baseado na exacerbação do consumo e do descarte. Conclui-se que, na hipótese de um processo real de sustentabilidade, controlado pelo Estado – para além da regulação sociotécnica e econômica por um sistema de gestão integrada, desde a produção do lixo-resíduo-mercadoria, até a disposição final e a reintrodução do mesmo na cadeia produtiva – seria necessário contar com a disposição da gestão pública no sentido de implementar processos coletivos capazes de atuar sobre as dimensões cultural e educacional da sustentabilidade, alterando os padrões sociais de produção e consumo.
Palavras-chave: resíduos sólidos; relações de trabalho e lógica de produção; sustentabilidade; sombra do sistema do capital.
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Doutora em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), professora visitante no Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB. E-mail: izaneti@terra. com.br **
Doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB), professora da Faculdade de
Educação e do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB. E-mail: laís.maria@terra. com.br ***
Doutoranda em Desenvolvimento Sustentável na Universidade de Brasília (UnB). E-mail: valeriagentil@uol.com.br Artigo recebido em 6 out. 2008 e aprovado em 15 fev. 2009
Sociedade e Estado, Brasília, v. 24, n. 1, p. 173-192, jan./abr.