Sustentabilidade na educação
RESUMO
O artigo discute a posição dominante do discurso da sustentabilidade no debate ambiental e suas implicações sobre o campo educacional. Compreende que o atual debate sobre a sustentabilidade tem sido, prioritariamente, orientado por propostas econômicas e tecnológicas que obedecem aos imperativos do mercado. O autor, entretanto, argumenta que essa sustentabilidade hegemonizada pelo mercado não é capaz de responder aos desafios colocados pela crise multidimensional que vivenciamos contemporaneamente. Também considera que a educação tem uma contribuição relevante a cumprir nessa busca de sustentabilidade social desde que consiga superar as concepções reprodutivistas que tendem a reduzi-la às necessidades da economia.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
As duas últimas décadas testemunharam a emergência do discurso da sustentabilidade como a expressão dominante no debate que envolve as questões de meio ambiente e de desenvolvimento social em sentido amplo. Em pouco tempo, sustentabilidade tornou-se palavra mágica, pronunciada indistintamente por diferentes sujeitos, nos mais diversos contextos sociais e assumindo múltiplos sentidos.
Sua expansão gradual tem influenciado diversos campos do saber e de atividades diversas, entre os quais o campo da educação. Há pouco mais de uma década, observa-se entre os organismos internacionais,as organizações não-governamentais e nas políticas públicas dirigidas à educação, ambiente e desenvolvimento de alguns países, uma tendência a substituir a concepção de educação ambiental, até então dominante, por uma nova proposta de "educação para a sustentabilidade" ou "para um futuro sustentável".
Essa renovação discursiva no debate internacional pode ser observada nas conferências e documentos da UNESCO, na Agenda 21 proposta na Rio-92, nas políticas educacionais de diversos governos da União Européia e na produção acadêmica internacional que serve de base a esta orientação.