surrealismo

As idéias do surrealismo foram absorvidas na década de 1920 e 1930 pelo movimento modernista no Brasil, cuja caracterização continua sendo avaliada, reconhecida, discutida, questionada ou negada, mas cuja obra poética e plástica mantinha relações ou afinidades com as obras dos surrealistas. Anita Malfatti, Victor Brecheret, Emiliano Di Cavalcanti, Rego Monteiro, John Graz, Tarsila do Amaral, Antonio Gomide e no final década Ismael Nery e Cícero Dias, constituíram a primeira geração modernista e moviam-se por princípios que se caracterizavam por sua dualidade ou mesmo oposição: de um lado um projeto formal inovador e de outro a proposta de resgatar elementos da cultura tradicional brasileira. Com estas diretrizes, esta geração modernista desenvolveu uma arte experimental de acordo com o projeto fixado por Mario de Andrade, em 22 e as contribuições do expressionismo, cubismo e derivações, art déco e surrealismo.
Independentemente da opinião que cada um possa ter a respeito da caracterização desses poetas e artistas, é impossível, quando se fala em surrealismo no Brasil, não fazer no mínimo algumas referências à: Murilo Mendes; Jorge de Lima, cujas "fotomontagens" tomam suas raízes nas colagens surrealistas; Flávio de Carvalho, cuja postura combativa, questionadora e irreverente (A inferioridade de Deus), faz dele um dos mais surrealistas entre os pensadores e artistas brasileiros. Ismael Nery, na pintura "Nu" e da fase antropofágica da artista Tarsila do Amaral com a obra"Abaporu". Ismael Nery foi considerado como pioneiro do surrealismo no Brasil. Suas obras revelam características próprias de uma personalidade mística aliadas às leituras que faz da obra de Picasso, de outros cubistas, expressionistas e surrealistas. Sua obra Figura revela ecos da monumentalidade das figuras picassianas da fase neoclássica, somados às influências cubo-expressionistas, no tratamento do rosto e do fundo geometrizados e no uso de cores cruas e linhas expressivas do corpo.