Surgimento das favelas
Após a vitória na Guerra de Canudos na Bahia, os soldados do exército brasileiro regressaram ao Rio de Janeiro. Sem receber o devido salário, os soldados instalaram-se provisoriamente em alguns morros da cidade, juntamente com outros desabrigados. Sem verba para a construção de casas, o governo autorizou a construção de casas de madeira nos morros da cidade.
A partir daí, os morros recém-habitados ficaram conhecidos como Morro da Favela, em referência à uma planta típica da caatinga extremamente resistente a seca chamada “favela”, originária dos morros onde os soldados viveram durante o período da guerra na Bahia. Com a Proclamação da República em 1889, os administradores da cidade do Rio de Janeiro queriam apagar os vestígios de uma cidade colonial. Cortiços sem condições sanitárias povoados por escravos libertos foram demolidos para a reforma de Pereira Passos. Sem terem onde morar, os desabrigados foram obrigados a ocupar e construir suas casas nos morros centrais da cidade, Providência e Santo Antônio em 1893. Em 1900 foram ocupados os morros dos Telégrafos e Mangueira. As favelas caracterizam-se pela mistura de etnias, costumes, culturas, naturalidades. Seus moradores são discriminados, tachados de “maloqueiros”, “delinqüentes” e “traficantes”, em outras palavras, pessoas que trazem má influência à sociedade. Esta analogia não está totalmente errada – convém ressaltar que aquelas caricaturas também estão presentes em áreas urbanizadas – todavia, dentre os favelados existem pessoa honestas, dinâmicas, esforçadas que apenas precisam de uma oportunidade, lutam para sobreviver e resgatar uma cidadania usurpada. Seus sonhos expressam a simplicidade. Queriam ter o que comer todos os dias, estudar, ter uma moradia melhor. Alguns têm vergonha da condição que vivenciam, outros se orgulham das suas próprias moradias, geralmente são ajudados por poucos, e alguns vivem de esmolas.