Surdez e linguagem
Ana Paula Santana
Não é bom que enunciados como “o surdo só adquire sua identidade por meio da língua de sinais” tenha surgido no seio de uma visão cuja referencia principal é a busca pela aceitação social da diferença. Tampouco que a expressão “cultura surda” venha para dar forma e visibilidade para esta diferença. O surdo não só adquiri sua identidade através da língua de sinais, pois existem muitos surdos que se identificam com a língua oral.
Para Canguilhem (1995), o anormal não é o ser humano destituído de norma, e sim aqueles que possuem características diferentes e não faz parte da média considerada normal. Nesse caso o sujeito não pode ter características particulares, já que sua individualidade “compromete a norma”. Discriminação esta de que são alvos gagos, os afásicos, os surdos, os disfluentes, enfim, todos aqueles que fogem a norma vigente. Então entendemos que o surdo se encaixa dentro destas normas sociais em deficiente, mas deficiente é aquele que perde a audição com o tempo e antes de nascer.
Percebi nos depoimentos bastante preconceito dos próprios pais das crianças, imagina como esta criança enfrentara a sociedade se o exemplo vem de casa. Todos encaram como se fosse o fim do mundo, o fim de tudo.
Quando os pais ouvintes têm um filho surdo, eles têm de tomar uma decisão: escolher, pelo menos inicialmente, a modalidade de língua que o filho usará – audioverbal ou visuomanual. Embora exista, em um primeiro momento, o caráter de escolha, nada garante que a opção dos pais (ou dos profissionais) corresponderá à opção futura do filho. Após a criança entender o porquê de ela ter nascido assim já iniciará o processo de escolha própria cabe aos pais dar o apoio necessário para que esta criança se saia bem em sua escolha dentro sociedade. A aquisição da língua de sinais em uma casa de ouvintes acaba por ser proporcionada para a criança, somente após o fracasso da tentativa da