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Abraham Lincoln levou pouco mais de dois minutos para pronunciar o discurso de Gettysburg (1863), às vezes considerado a maior peça de oratória em todos os tempos. Ninguém esperaria encontrar tamanho talento para a concisão(Precisão) no Supremo Tribunal Federal brasileiro, mas o contraste ressalta que falar muito não significa ter muito a dizer. Os maus hábitos da linguagem empolada e da expressão prolixa(complicada) continuam a prosperar no Judiciário; no Supremo, ainda mais em julgamento momentoso(grave) como o do mensalão, chegam ao apogeu(o mais elevado grau). Nem mesmo certas vulgaridades, salpicadas por alguns dos advogados da defesa, alteraram a sensação do leigo de assistir a um espetáculo obscuro e bizantino(assuntos insignificantes). Não há dúvida de que a Justiça deve examinar cada aspecto com cuidado, nem de que muitos aspectos são alvo de controvérsia. Ainda assim, será necessária tamanha verbosidade(fala muito), reflexo, aliás, da extensão interminável dos autos, a versão escrita de cada processo? Seria incalculável o benefício, no sentido de reduzir a morosidade(demora) judicial, caso se disseminasse (divulgasse)uma disciplina retórica mais objetiva, direta e sucinta(de maneira breve). Parece haver tendência recente nessa direção, mas que ainda não alcançou os tribunais superiores, muito menos o Supremo Tribunal Federal. Admita-se, no atual julgamento, que o revisor Ricardo Lewandowski parece adotar uma estratégia de lentidão, à qual seria levado, conforme se especula, pela tendência a absolver e pelo desejo de inviabilizar o voto, tido por adverso, de seu colega Cezar Peluso, que se aposenta no início de setembro. No desmesurado(excessivo) da fala, entretanto, encontra eco na maioria dos ministros. À prolixidade nos processos, somou-se a loquacidade(fala muito) fora deles. O costume começou há mais de dez anos, quando ministros passaram a discorrer(expressar ideias) sobre quase qualquer assunto, a pretexto