Superior Incompleto
Para examinar a concepção de espírito do período arcaico (séc.VIII a.C.) ao helenístico (Séc. I a.C.), Snell trabalhou as transformações pelas quais o mito foi submetido, até ser substituído pelo pensamento racional. Era preciso delinear, tanto no modelo mitológico como no filosófico, como os gregos entendiam sua capacidade de deliberação sobre a própria vontade, sobre os próprios movimentos; ou ainda sua relação com os sentimentos. Snell nos diz que o homem grego só rompeu com os mitos quando assumiu a responsabilidade dos seus atos (cf. p.72). “(...) em Homero, o homem ainda não se sente promotor da própria decisão; isso só ocorrerá na tragédia” (p.30). “(...) Quando o rico mundo dos mitos, tal como o forjaram os inúmeros poemas épicos e, recentemente, a lírica, desembocou na tragédia, o elo entre mito e realidade rompeu-se” (p.100)
Identifica nela a concepção do mundo em dois extratos: o superior e o inferior, onde o superior – habitado pelos deuses – concedia valores e sentido ao inferior – habitado pelos seres humanos (cf. p.99). Como poeta épico mais relevante elegeu Homero, através das suas obras Ilíada e Odisseia, e justificou sua escolha afirmando que Homero é a informação mais distante da helenidade que possuímos; além disso, foi Homero quem forjou o mundo espiritual dos gregos, sua fé e seu pensamento (cf. p.35). Na poesia homérica, o espírito “(...) é concebido por analogia com os órgãos do corpo e suas funções (p.203).” Existiam vários verbos e substantivos para designar o corpo, por exemplo. Tínhamos Guia, que significava membros; Démasque significava estatura; Derma e Kros, que significavam pele. Também não havia uma definição específica para Alma. Psyché era apenas aquilo que animava o corpo, e o abandonava na hora da morte. Quanto ao Departamento de Filosofia 2Espírito, tínhamos o Thymós e o Noós, onde o primeiro era responsável pelas emoções, enquanto o segundo elaborava as imagens por nós captadas