Super bactérias
As bactérias são essenciais à vida e muitas delas estão presentes em nosso corpo auxiliando em diversas funções, inclusive na absorção de vitaminas. E como qualquer ser vivo, elas lutam pela sobrevivência da espécie: vão se adaptando e desenvolvendo mecanismos de defesa cada vez mais sofisticados. O problema é que, com isso, podem neutralizar ou destruir a ação de certos medicamentos. É justamente aí que mora o perigo: os antibióticos - que são armas eficazes de defesa quando bem indicadas - vêm sendo usados indiscriminadamente (incluindo a automedicação), aumentado a resistência bacteriana.
A lei do mais forte
E a própria população, sem saber, tem propiciado as condições necessárias para o desenvolvimento de microrganismos cada vez mais poderosos. "Gripe é viral (transmitida através de vírus e não bactérias) e não deve ser tratada com antibiótico", alerta a médica flávia Rossi, diretora-médica do Laboratório de Microbiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Soou óbvio? Mas há muita gente ainda se entupindo dessas drogas (inclusive receitadas por médicos) em casos semelhantes. Talvez a culpa seja da lenda que se criou de que tais remédios são a solução para tudo. Não dá para negar sua eficácia, mas sua indicação precisa ser cuidadosamente avaliada.
Há também um comportamento social de se deixar de tomar o remédio assim que os sintomas da enfermidade desaparecem, sem considerar o tempo prescrito pelo médico. A melhora sintomática de qualquer doença não é certeza de cura. No caso das infecções, a bactéria pode ainda estar lá, mas em quantidade insuficiente (por estar sendo atacada pelo remédio) para causar algum sinal visível. Quando o uso da droga é interrompido, a cepa que restou é a mais resistente (a lei é: as mais fortes sobrevivem por mais tempo). Ela pode se multiplicar, causando problemas maiores, ou seja, piorando o quadro de saúde anterior.
Há ainda a possibilidade de passarem o