Sulco Vocal O sulco vocal é uma depressão na mucosa da prega vocal, paralela a borda livre, geralmente bilateral e assimétrico. O sulco pode variar em profundidade e extensão, apresentando dois lábios: um superior e mais flexível, e um inferior, mais largo e rígido. O fundo do sulco geralmente encontra-se aderido ao músculo vocal, o que explica a rigidez da mucosa, com onda vibratória distorcida ou mesmo ausente. O impacto vocal é típico, com uma voz desagradável, rouco-áspera, podendo aparecer diplofonia, de freqüência fundamental aguda pela rigidez da mucosa, como se as pregas vocais estivessem “fora de sintonia” (PONTES, BEHLAU & GONÇALVES, 1994)1. O temo “sulcus” tem sido usado desde o início deste século, quando foi visto através da laringoscopia indireta. Consiste em uma invaginação do epitélio e camada superficial da lâmina própria da prega vocal que se adere ao ligamento vocal. Podemos encontrar processo inflamatório nesta região, segundo Ford e Bless (1991)2. O revestimento do sulco é constituído por epitélio escamoso estratificado. Tarneaud (1994)3 refere que os termos sulco vocal (sulcus vocalis – SALVI, 1901)4, sulco glótico (sulcus glotidaeus – CITELI, 1906)5, duplicação das pregas vocais (dédoublement des cordes vocales – ALEZAIS, 1906)6 e laringite com sulcos atróficos (laryngite à sillons atrophiques – GAREL, 1922)7 dizem respeito a uma mesma afecção laríngea. Quanto à etiologia do sulco vocal, podemos reunir os autores em três grupos: os que defendem a natureza adquirida, os que acreditam no caráter congênito e aqueles que admitem as duas possibilidades (ABRAHÃO, 1992)8. Para a etiologia adquirida, são encontradas na literatura as seguintes causas : pós tuberculose (ALEZAIS, 1912;9 BILANCIONI, 1922;10 Van CANEGHEM, 192811); atrofia de retração em seguida a uma laringite crônica (GAREL, 1922)7 seqüela de infecção laríngea com destruição de fibras musculares (PIQUET & TERRACOL, 1958)12; atrofia de musculatura laríngea por alteração da