Suje GORDO
Hoje li uma crônica de Machado de Assis, Suje-se, gordo. Conta a história de um homem que fora jurado em um julgamento de uma pessoa e que como sempre os argumentos, tanto da defesa quanto da promotoria, eram convincentes, mas, aparentemente o cidadão era culpado e esse jurado falava: suje-se, gordo, com referência à grande besteira que o cidadão houvera cometido o que sujaria sua vida para sempre. Ele dizia, enquanto narrava esta história para Machado, repetindo muito a frase, suje-se, gordo. O tempo passara e agora, muito tempo depois desse fato, os dois se encontram sendo que o jurado passara a ser réu e o ouvinte jurado. Ele houvera desviado dinheiro do caixa do banco onde trabalhava e agora estava sendo julgado por isto. Machado vai, à medida que o juiz vai lendo o resumo da história do réu, relembrando as feições, a voz, os gestos e chega à conclusão que realmente é aquele cidadão de outrora que lhe relatara o julgamento do tal suje-se, gordo, o que lhe faz lembrar-se da frase de Jesus: “Não julgueis para que não sejais julgados...” e, agora olhando para o réu, novamente ouvindo os argumentos defensivos e da promotoria, cada um ao seu modo querendo convencer a todos ou da inocência ou da culpa do cidadão, chega à conclusão que ele era culpado. As provas são convincentes, ele não tem jeito de não ser condenado e então, na hora, vota a favor da condenação do homem, no que é vencido pelos demais que votam contra a condenação. O homem sai dali liberto de suas acusações, aliviado.
Lendo isto me reportei ao caso de Maria Madalena, caso esse ocorrido com Jesus também. Ele estava desenhando ou escrevendo na areia, quando Maria Madalena chega correndo, tentando fugir de seus algozes, que a tinham pegado em flagrante adultério e como mandava a Lei, deveria ser apedrejada na frente de toda a população. Jesus estava escrevendo ou desenhando e assim ficou pronto para o julgamento que seria obrigado fazer.
- Aquele que não tiver pecado atire a primeira