SUICIDIO
Alberto Henrique S. Azeredo Coutinho
Médico, participante do Fórum de Psicanálise do CPMG
PALAVRAS-CHAVE
Suicídio - Agressividade - Epidemiologia do suicídio - Suicídio e Psicanálise – Pulsão de morte
RESUMO
O suicídio – emergência psiquiátrica por excelência – é articulado com a Psicanálise através da leitura de sua epidemiologia sob a ótica desta. O autor procede esta leitura mediante sua hipótese de que cada suicídio ocorra pela ação exclusiva ou predominante de um dos dois mecanismos psicodinâmicos aqui propostos, derivados da segunda teoria pulsional freudiana. Por fim, opina sobre o papel do psicanalista na abordagem do paciente suicida, enfatizando sua responsabilidade ética em estar plenamente capacitado para a dimensão diagnóstica do suicídio.
I. Introdução É consenso entre os profissionais de Saúde Mental que a condução do tratamento de um paciente suicida ou potencialmente suicida deve, obrigatoriamente, contar com a participação de um psiquiatra. O suicídio, emergência psiquiátrica por excelência, representa enorme desafio para os profissionais envolvidos em seu tratamento e a oportunidade de íntima interação entre Psiquiatria e Psicanálise, com potenciais benefícios de suas áreas específicas de saber na tentativa de preservar a integridade física do paciente e de minorar seu intenso sofrimento psíquico. Colocada à parte a questão terapêutica e sob o prisma desta desejável interação, o psicanalista, que freqüentemente será o responsável pelo diagnóstico do suicida em potencial e, caso não seja psiquiatra, pela solicitação do concurso de um deles na condução do caso, pode em muito enriquecer sua formação específica e munir-se de informações objetivas úteis para este fim consultando a extensa literatura psiquiátrica sobre o tema. Como especialidade médica, a Psiquiatria acumulou, ao longo de sua história, rica documentação epidemiológica acerca do suicídio, que não só pode colaborar na identificação