subjetividade e práticas psi na sociedade contemporânea
Temos antes que admitir que o poder produz saber (e não simplesmente favorecendo-o porque o serve ou aplicando-o porque é útil); que poder e saber estão diretamente implicados; que não há relação de poder sem constituição correlata de um campo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder. Michel Foucault (2004, p.27)
A rapidez e flexibilidade que o sistema capitalista exige de todos os que estão sob a sua égide deixam marcas profundas nas pessoas que vivem essa realidade e constituem um tipo específico de subjetividade. A flexibilidade causa ansiedade nas pessoas, pois elas ficam sem saber quais os riscos que terão, que caminhos seguir. Segundo Sennett (2002) os indivíduos formulam algumas perguntas de difícil resposta, como os exemplos a seguir.
Como decidimos o que tem valor duradouro em nós numa sociedade impaciente, que se concentra no momento imediato? Como se podem buscar metas de longo prazo numa economia dedicada ao curto prazo? Como se podem manter lealdades e compromissos mútuos em instituições que vivem se desfazendo ou sendo continuamente reprojetadas? (p.10 e 11)
Essas são algumas das questões que se colocam às pessoas e ao respondê-las no cotidiano da ação diária, se está construindo novas subjetividades. Nesse contexto, emerge um sujeito sente ansioso na maior parte de seu tempo, pelo tempo que ele sente escorrer de suas mãos, pela perda de controle que tem não apenas em relação ao tempo, mas em outras instâncias de sua vida, como a família. A sociedade de consumo acaba “consumindo” os indivíduos em sua vontade de responder a ela – o indivíduo procura dar o melhor para sua família e filhos (os melhores colégios, as melhores roupas, as melhores férias, os livros, os objetos de consumo tão bem vendidos pela mídia, etc) – e nessa máquina desenfreada de