Subjetividade e organização
Como forma de articulação entre esses operadores conceituais, trazemos a proposta de apreciação do contexto organizacional e as particularidades que o compõem. A ação laboral é o fio condutor que permeia e dá sentido às relações entre trabalhadores e organizações.
Nesta direção, citamos Francisco (2000), que nos remete ao entendimento das organizações a partir do socius onde estão inseridas. Fala-nos nestes termos:
As organizações em seus modos de funcionamento foram concebidas para e nos moldes de uma Sociedade Disciplinar, caracterizadas pelo controle do tempo, do espaço e dos corpos; porque, historicamente, as condições que permitiram o surgimento desta sociedade já não são as mesmas, condições estas que desenham o surgimento gradual de uma Sociedade de Controle em que o controle contínuo e a comunicação instantânea são os principais ingredientes; finalmente, a rigor, estamos no espaço do entre, da passagem entre a Sociedade Disciplinar e à do Controle, passagem que a meu ver não vem sendo objeto de análise dos estabelecimentos, sobretudo no que diz respeito a seus impactos. (p.06) Nesse tipo de socius, gradualmente os modos de funcionamento das organizações adquirem seu formato ao apropriar-se da vida dos indivíduos, no controle de seu tempo, no controle de seus corpos, não só para restringi-los àquele espaço-tempo, mas objetivando, principalmente, a transformação desses corpos, preparando-os para adquirir aptidões e habilidades, de acordo com o cargo em questão. Em decorrência, desenvolvem-se formas de poder, tais como: delegar ordens, estabelecer regras e regulamentos, incluindo-se, aqui, a eficiência do poder econômico representado pela remuneração, na maioria dos casos, salarial.
Na modernidade, o trabalho era tido como meio de sobrevivência, deixando de ser apenas fonte de realização pessoal e inclusão social. Os operários se entregaram de corpo e alma ao sistema imposto pela produção industrial que