Sonhos
Teoria Literária UFRJ) Resumo: Discussão sobre uma possível “angústia da liberdade” na passagem da modernidade para a pós-modernidade, estabelecendo um diálogo entre Freud e seu O mal estar na civilização e Marcuse e Baumann. A representação desta angústia em dois contos de Nelson Rodrigues.
Palavras-chave:
O mal estar na civilização
Pós-modernidade
Nelson Rodrigues
Freud inicia O Mal Estar na Civilização referindo-se ao sentimento de plenitude religiosa, o sentimento “oceânico”, uma reminiscência em nosso aparelho psíquico de uma fase primitiva, quando o Princípio da Realidade ainda não se havia imposto e narcisisticamente o ego acreditava ser uno com o mundo. No fundo, toda transcendência seria uma memória de tempos melhores em que ainda não sabíamos da existência de todo o resto. Esta referência à experiência religiosa é utilizada essencialmente como uma forma de introduzir ironicamente o Princípio da Realidade. Embora acreditemos que a validade dos postulados fundamentais da psicanálise vá além de nosso período histórico específico, ela está indissoluvelmente ligada a ele em suas inquirições e conclusões. Assim, Freud desenvolve seu pensamento paralelamente a um autor como Nietzche e sua crítica ao absoluto ou a Max Weber, que caracteriza o capitalismo como o “desencantamento do mundo”. O “desencantamento” da modernidade nos interessa na medida em que ele parece gerar posteriormente, com seu desenvolvimento e na passagem para a pós-modernidade, um “desacatamento”. A perda do divino e do transcendente gerou uma série de angústias inauditas, mas, por outro lado, permitiu o surgimento de uma nova liberdade para este sujeito abandonado, jamais sonhada pelos arautos da modernidade. Obviamente, grande parte das promessas da pós-modernidade revelaram-se ilusões, quando não farsas e manipulações, mas seu