Sonhos de civilização
Norbert Elias, sociólogo alemão (1897- 1990), considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. A partir de um intenso diálogo com a história da cultura, Elias situa os diferentes padrões de relações sociais nos seus devidos contextos históricos e culturais. Para ele, a vida em sociedade é composta de padrões gerados nas interações entre indivíduos ligados por uma relação de interdependência.
Suas principais obras: O Processo Civilizador (1939), A sociedade de corte (1969), O que é sociologia? (1970), A sociedade dos indivíduos (1987).
Norbert Elias nos ensina a perceber que há aspectos da sociedade que julgamos ter sempre existido, mas que passaram por um longo processo de desenvolvimento até tomar a forma que conhecemos. Isso vale para as formas de governo, para os modelos de família e também para as boas maneiras e os costumes. Aprendemos com ele que as normas são criadas e recriadas para conter os impulsos ou ações instintivas das pessoas e permitir que a sociabilidade ocorra dentro de uma linguagem comum a todos (os códigos de civilidade). Essas normas estão presentes em diversos aspectos da vida social, como nos esportes, na arte, nas relações entre os Estados nacionais etc. Por meio da civilidade, o individuo aprende a lidar com os integrantes de grupos diferentes do seu.
A sociedade do presente que interessa a Elias é a que floresceu em alguns países da Europa Ocidental e disseminou uma maneira própria de se pensar, de se apresentar diante das outras, de se auto-olhar. Nesses países desenvolveu-se uma ideia de civilização que obrigou homens e mulheres a mudar sua conduta no dia-a-dia.
Quando estranhamos maneiras de ser distintas das nossas, que aceitamos e aprovamos, podemos ser tentados a definir nosso jeito de ser como bom, desejável, melhor, e a classificar o que é diferente, distante, desconhecido, como “ruim”, “atrasado”, “decadente”, “selvagem”, “rude”. Olhamos o mundo a partir do que consideramos melhor, e o