Soneto da Fidelidade
Soneto de Fidelidade (Vinicius De Moraes)
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que ao mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quanto mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Antologia poética. Rio de Janeiro. A Noite, 1949.
COMENTÁRIOS:
O Soneto possui composição fixa, sendo formado por dois quartetos e dois tercetos. Este Soneto apresenta o seguinte esquema rítmico: (ABBA – ABBA – CDE – DCE), nos quartetos temos rimas interpoladas, já nos tercetos temos rimas cruzadas, sendo todas consideradas Rimas Ricas, pois são rimas com palavras de classes gramaticais diferentes.
No primeiro quarteto conseguimos observar uma declaração de amor, com bastante zelo o poeta explicita que, toda a sua atenção, em dado momento está, voltada para tal sentimento, classificado pelo mesmo como o mais importantes dos “encantos”.
No segundo, temos o amor tido como algo a ser louvado em cada momento da vida, mesmo nos mais corriqueiros e simples ou até mesmo nos momentos de tristeza.
No primeiro terceto, vemos um EU Lírico solitário e questionador, sobre a já sabida dualidade: Vida X Morte, como e quando chegará a sua morte, que ela demore. Outro questionamento sobre a solidão sentida por quem ama, mais especificamente quando este amor chega ao fim.
No segundo e ultimo terceto, o poeta finaliza desejando que as experiências amorosas dele, não sejam imortais, já que o mesmo utiliza a comparação com uma chama, e que essa com o tempo se apaga, mas que sejam eternas enquanto durem.