Somos todos infelizes
O geneticista italiano Edoardo Boncinelli tem idéias polêmicas. Acredita, por exemplo, na existência de ‘’genes da felicidade’’ e que a satisfação não é um acidente e sim um destino; já o descontentamento tem papel evolutivo importante, funciona como estímulo, pois se vivêssemos constantemente felizes não teríamos projetos nem objetivos – e certamente, seríamos ainda mais atormentados e melancólicos.
O geneticista mais conhecido da Itália, Edoardo Bonchinelli, professor de biologia genética da Universidade San Raffaele de Milão, entretanto, é um profissional atípico. Sobre a felicidade, ele tem idéias muito claras. Eis seu decálogo:
1. Todos os homens são infelizes.
2. A felicidade não é um acidente, mas sim um destino.
3. Algumas pessoas pensam constantemente na própria felicidade, outras conseguem esquecê-la por intervalos mais ou menos longos.
4. Quando ocorre um estado de infelicidade e prostração, o cérebro reage produzindo substancias ‘’consoladoras’’, quase sempre proteínas, que têm a função de restabelecer o equilíbrio. Essas substâncias convergem para o circuito da dopamina, ou seja, o circuito da satisfação e do desejo. O que ainda não se sabe é por que esse circuito não tem a mesma eficácia em todas as pessoas.
5. A infelicidade dói, mas também serve de estímulo. Da mesma maneira que um estado de satisfação moderada, ainda que intermitente, pode ser funcional para a nossa capacidade de enfrentar as instabilidades da vida que nem sempre são positivas, a infelicidade age como um reforço para a motivação. O seu papel fisiológico e, portanto, evolutivo é inegável.
6. Existem dois tipos de felicidade: a causada por um motivo real e aquela sem motivo. A primeira é comum ao homem e aos animais, a segunda não tem nenhum antecedente evolutivo, é ‘’particular’’.
7. Não existe, e jamais existirá, um gene da infelicidade (ou da felicidade), mas sim, 15,20 mil genes. Nos 600 milhões de anos de evolução os vertebrados, a natureza aprendeu que