Solos de uma bailarina: A dança como instrumento de individuação da alma imigrante japonesa

3878 palavras 16 páginas
SOLOS DE UMA BAILARINA:
A dança como instrumento de individuação da alma imigrante japonesa
Karina Midori Ishimori1

Introdução:
A imigração de japoneses para o Brasil teve seu início em 1908 e pode-se dizer que o encontro entre duas culturas tão díspares, a ocidental e a oriental, promoveu vivências peculiares não só para os primeiros imigrantes, mas também para seus descendentes. Neste sentido, este estudo tem como objetivo compreender um aspecto dessa vivência nikkei2 e como este pôde ser vivido, expressado e elaborado através da dança. Isto é, pretende-se adentrar na subjetividade de uma dançarina nipo-brasileira, elucidando como se dá o processo criativo da dança e como este pode estar intrinsecamente relacionado com o processo de individuação.

A alma do imigrante japonês e seus descendentes
Ishimori (2005) conta que os primeiros imigrantes japoneses aportaram no Brasil com um sonho: enriquecer o mais rápido possível como trabalhadores nas fazendas de café e retornar ao país de origem o mais breve possível. Mas, Logo que chegaram em terras brasileiras, a fantasia de enriquecimento rápido já deu seus sinais contrários, pois muitos fazendeiros mantinham seus trabalhadores em regime servil. Dessa maneira, assim que puderam, esses imigrantes começaram a formar núcleos cooperativos, arrendando ou comprando terras baratas.
Nesses núcleos cooperativos começaram a formar um pequeno Japão em solo brasileiro, mantiveram a língua, os costumes, pensamentos e os mesmos ideais com que deixaram a terra natal. Eram como “pequenas cidades japonesas” que constituíam uma sociedade à margem da brasileira com modos e costumes alheios que as tornavam fechadas.
Vero (2003) pontua que é comum que estrangeiros recém chegados a uma cultura estranha busquem seus iguais como referência. Pois, identificar-se com seu semelhante é manter-se quem se é. Porém, ao fazerem isso fecham-se em si mesmos numa espécie de gaiola, formando uma “cola psíquica”. Isso acontece porque temem

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