Soldados da Borracha
Eram os famosos “soldados da borracha” atraídos pela propaganda oficial que prometia fartura e glória a quem fosse para a Amazônia.
Ao serem recrutados os “soldados” recebiam um enxoval improvisado – uma calça de mescla azul, uma blusa de morim branco, um chapéu de palha, um par de alparcatas de rabicho, uma caneca de flandres, um prato fundo, um talher, uma rede, uma carteira de cigarros Colomy e um saco de estopa à guisa de mala.
Na época, a produção de borracha nos seringais da Amazônia era de cerca de 17000 toneladas (safra de 1940 – 1941). Para alcançar a meta contratada pelos americanos, 70 mil toneladas por ano, seria necessário enviar para os seringais mais 100000 trabalhadores.
Esses homens, muitos acompanhados de suas famílias, a maioria flagelados fugidos da seca 1941/1942, embarcavam nos navios do Lloyd Brasileiro no porto de Fortaleza para os seringais da Amazônia.
Em Fortaleza, os navios, após as operações de descarga e carregamento, arriavam os paus de carga no convés e armavam toldos de vergueiro por sobre eles, para acomodar os “soldados” que eram trazidos em chatas (na época Fortaleza não tinha cais) e embarcavam com dificuldade pela escada de portaló.
Essas pessoas já embarcavam debilitadas. À primeira refeição, geralmente feijão, arroz, carne ou peixe e farinha de mandioca, uma vez em alto mar, ficavam prostradas em suas redes, armadas às vezes em duas e até três camadas, e vomitavam uns nos outros, obrigando o contra-mestre a