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Valéria Peixoto de Alenca.
Observar uma obra de arte nos remete, inicialmente, à idéia de contemplação estática do objeto, seja um quadro ou uma escultura. A visão seria o único sentido por nós utilizado, e a interação com a obra passaria pelo intelecto, isto é, pensamentos, conversas, questionamentos.
Na década de 1960, muitos artistas se preocuparam em produzir a "antiarte", ou seja, obras de arte que rompiam com a idéia de contemplação estática e propunham uma apreciação sensorial mais ampla, por meio do tato, do olfato, da audição e, até mesmo, do paladar.
No Brasil, dois artistas representativos desse período foram Lygia Clark e Hélio Oiticica.
Parangolés e Penetráveis
Assim como Lygia Clark, que provocou o espectador, convidando-o a tocar e formar uma nova obra com a série Bichos, o carioca Hélio Oiticica criou os parangolés, que ele denominava de "antiarte por excelência": uma espécie de capa da qual só é possível ver plenamente os tons, formas, texturas e materiais a partir dos movimentos de quem a veste. Um dos motivos que inspiraram a criação dos parangolés foi a relação de Oiticica com o samba. Para o artista, o espectador deveria abandonar o estado de contemplação e vestir a obra de arte - só assim ela faria sentido.
Na época, quem "vestia" os parangolés era o público que visitava as exposições e pessoas que Oiticica encontrasse nas ruas ou em qualquer lugar em que mostrasse sua arte. Hoje em dia, devido ao valor histórico, a obra não pode ser manipulada ou vestida. Outra obra muito importante de Oiticica foi o penetrável, termo utilizado pelo artista para se referir ao que chamamos hoje de instalação. O penetrável é um espaço labiríntico onde o espectador entra e passa por experiências sensoriais de tato, olfato, audição e paladar, além da visão. Aqui também, como no caso dos parangolés, a obra de arte não deve ser apenas observada, mas vivenciada. O