Sodepassada
1060 palavras
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O Auto Da Barca do Inferno O Anjo ou o Arrais do Céu, fala pouco, fazendo intervenções apenas quando necessárias e quando o faz, sabiamente. Não argumenta de forma insistente com os desejosos passageiros de sua embarcação, pois os mesmos carregam consigo, as marcas de seus vícios terrenos. Desta forma, raramente utiliza argumentos irônicos e apenas aguarda o embarque das poucas almas puras, que no final são escassas. O Diabo ou o Arrais do Inferno é aquele que detém mais falas, tem voz ativa durante toda a encenação e por seu caráter persuasivo, faz que o embarque a Barca do Inferno, pareça uma viagem agradável. Para convencer as personagens, acusa-as pelos seus erros quando em vida, conscientizando-as dos mesmos. Mostra-se extremamente sarcástico, dominador e tem muita pressa pela viagem, uma vez que sabe que a barca irá cheia. Usa o canto para seduzir as almas no embarque. O Fidalgo necessariamente representa a nobreza dentro da peça de Gil Vicente. Mostra-se arrogante e por sua posição social, acredita ser merecedor de embarcar na Barca do Anjo. Traz consigo um pajem que levava a cadeira de espaldar para assistir as missas na Igreja. Das personagens que estão na obra é a que mais argumenta, que mais tem voz ativa, e determina a crítica do autor pelas pessoas que se apegam ao status e aos bens materiais. O Onzeneiro representa o agiota, considerado pelo próprio Diabo como parente, uma vez que se aproveita da desgraça dos outros para tirar proveito, um verdadeiro aproveitador. Carrega um bolsão, a marca de seus crimes quando em vida. É a marca da sua agiotagem. O Parvo representa o povo e não leva nada consigo da sua estada na terra. Ele é um homem honesto e humilde, que por suas qualidades foi o primeiro a embarcar com o Arrais do Céu, embora antes tenha rejeitado o Diabo com muita coragem e desenvoltura. Ao entrar na Barca, o condutor pede que aguarde se haverá outros a irem para o Paraíso na