Socrates
O processo de ocupação da região Noroeste de Goiânia começou com a invasão da Fazenda Caveiras, localizada na saída Noroeste da cidade de Goiânia, em três etapas. A primeira, ocorrida em julho de 1979, pode ser considerada a mais importante, pois foi a que deu origem ao bairro denominado Jardim Nova Esperança, hoje um bairro consolidado. Esse processo de ocupação marcou a luta pela moradia em Goiânia, na perspectiva da luta coletiva pelo direito de morar.
Na segunda etapa, aqueles que não haviam conseguido instalar-se no Jardim Nova Esperança reorganizaram-se e invadiram outra área que recebeu o nome de Jardim Boa Sorte, também um espaço da Fazenda Caveiras. Essa invasão ocorreu em abril de 1981, mas não se efetivou. A prefeitura agiu rápida e violentamente, conseguindo abortar o movimento e impedir que uma nova invasão se consolidasse.
Em junho de 1982, ocorreu a terceira etapa da ocupação, desta vez chegando a reunir mais de quatro mil famílias. O espaço ocupado também pertencia à Fazenda Caveiras e foi denominado pelos invasores de Jardim Boa Vista. Essa tentativa de ocupação também não se concretizou. Mais uma vez a polícia agiu com violência contra os invasores, provocando, inclusive, uma morte. Mais de três mil famílias, entretanto, foram assentadas pelo governo estadual em outra área próxima, iniciando-se, assim, o processo efetivo de ocupação da Região Noroeste de Goiânia.
O processo de ocupação da Região Noroeste de Goiânia resulta de um conjunto de ações irresponsáveis por parte do Poder Público, tendo como conseqüência dois graves problemas: um, de caráter social, que ao longo dos anos 80 colocou na condição de “cidadãos clandestinos” um considerável número de pessoas pobres, destituídas de condições mínimas de sobrevivência, apartando-as do restante da sociedade; o outro, de natureza ambiental, que deu início ao processo de devastação da região, transformando-a num espaço árido, destituído de sua beleza, e comprometendo suas riquezas