socrates
Mas isto, me parece, não é de hoje, pois desde a época de Sócrates, conforme filme de Rossellini, diretor clássico do cinema novo italiano, a sabedoria era preterida pelo dinheiro, pelo poder, pela fama.
No entanto, é notório que há algumas nítidas distinções. Atualmente, é belo ser burro. Cometer despautério e rir das próprias bobagens, não é mais ironia ou uma autodefesa, é jocoso o rir da própria asneira, gera aceitação.
Mas o que seria a sabedoria? Sinceramente, acho que não sei. Isto é, nem sei se sei.
Sócrates usava um “jogo de palavras” parecido, segundo Nietzsche é claro, para demonstrar o que era a sabedoria. Exatamente, saber que nada sabe. E isto é, talvez, uma das frases mais egocêntricas da história, se de fato foi proferida, ou dita pelo menos no contexto que apreendemos ao longo dos séculos através dos exegetas canônicos.
Se sabedoria é saber que nada sabe. Rir disso hoje em dia é ser mais do que sábio? Não, não pode ser, esta conclusão nos levaria a um completo paralogismo. Portanto, tentarei outras definições de sabedoria. E como Nietzsche, mas não tão veemente, nem poderia, ouso duvidar da sabedoria de Sócrates.
Em vez de sábio, prefiro vê-lo como um grande crítico que não tinha temor em questionar as pessoas sobre os sentidos de suas afirmações e fazer, por vezes, perceberem suas próprias contradições. A dita e redita maiêutica.
Mas, então isto não seria sabedoria? Sinceramente, acho que não sei.
Escolho falar sobre as condições necessárias para o exercício da sabedoria, ou da busca da verdade, como diria o próprio Sócrates.
Em primeiro lugar levo em conta o ócio. Sim, o trabalho não combina com sábios, o não-trabalho seria assim uma pré-condição para os sábios. Pessoas que como Sócrates podiam se dedicar à Filosofia contemplativa, ou como Eurípedes à Arte, ou como Péricles à Política, não que todos estes pudessem