Socrates e sofista
No entanto, ao serem pagos directamente pelos alunos, ficavam em condições de fazer uma selecção entre os candidatos. Em geral, preferiam os filhos de famílias mais abastadas. A analogia com o carácter selectivo da escola dos nossos dias é aqui tristemente visível.
Ao contrário dos sofistas, Sócrates não recebia pagamento pelo que ensinava. Dispensava gratuitamente o seu saber a quem dele necessitava. Contudo, foi considerado por muitos como sofista porque aparentemente exercia o mesmo ofício. Como eles, instruía a juventude, discutia em público política e moral, religião e por vezes arte e, como eles, criticava com vigor e subtileza as noções tradicionais nas diferentes matérias. Como diz Bonnard (1980: 439), ele era o "príncipe dos sofistas, o mais insidioso dos corruptores da juventude. O mais culpado também: os outros são estrangeiros, ele é cidadão" .
A sua motivação de ordem pedagógica distingue-se ainda da dos sofistas, na medida em que estes, praticavam um ensino desligado de preocupações de ordem ética. Como diz Landormy (1985:15), fingiam "adoptar as opiniões comuns, a moral das pessoas honestas, os preconceitos ou as superstições do povo" de modo a agradarem ao maior número de pessoas.