sociologia
A sociologia como forma de consciência Caso tenhamos sido bastante claros no capítulo anterior, será possível aceitar a sociologia como uma preocupação intelectual de interesse para certas pessoas. Entretanto, parar aí seria realmente muito pouco sociológico. O simples fato de a sociologia ter surgido como disciplina num certo estágio da história ocidental nos deve levar também a indagar como é possível a certos indivíduos se ocuparem de sociologia e quais são as precondições para essa ocupação. Em outras palavras, a sociologia não é uma atividade imemorial ou necessária do espírito humano. Adimitindo-se isto, ocorre logicamente indagar a respeiio---d—os— fatores que a transformaram numa necessidade para determinados homens. Na verdade, é possível que nenhuma atividade intelectual seja imemorial ou necessária. No entanto, a religião, por exemplo, tem quase universalmente gerado uma intensa preocupação durante toda a história humana, enquanto a elucubração dos problemas econômicos da existência tem constituído uma necessidade na maioria das culturas humanas.
É evidente que isto não quer dizer que a teologia ou a economia, no sentido contemporâneo, sejam fenômenos espirituais universais, mas podemos com plena segurança afirmar que os seres humanos sempre pareceram dedicar atenção aos problemas que hoje constituem o tema dessas disciplinas. Contudo, nem mesmo isto se pode dizer da sociologia, que se afigura como uma cogitação peculiar-35
mente moderna e ocidental. Além disso, como tentaremos mostrar
_
neste capítulo, ela é constituída por unia forma de consciência peculiarmente moderna.
A peculiaridade da perspectiva sociológica se toma clara depois de algumas reflexões sobre o significado do termo "sociedade", que designa o objeto par excellence da disciplina. Como quase todos usados pelos sociólogos, este termo foi colhido na linguagem comum, na qual seu significado é impreciso. Às vezes designa um ci determinado grupo de pessoas