Sociologia
(Pág 4) A dor é uma experiência subjetiva. Quem sente a dor diz: Eu é que sei. Os outros sentem comoção, sofrimento, ou até mesmo gozo, uns com mais outros com menos intensidade. É singular para quem sente, mas pode ser compartilhada em seu significado, que é uma realidade coletiva (porém não podemos assegurar de que o que atribuímos ao outro seja igual a o que atribuímos a nós mesmos). Então dizemos que entendemos a dor alheia. E isso fundamenta o sentimento de compaixão diante da dor do outro. Mas como saber da dor do outro? E a nossa? Como expressa-la? Quem e como entenderão? Onde está a sociologia nisso tudo? Estas e outras perguntas que tentaremos responder ao longo do presente trabalho.
A maioria liga a dor a fenômenos neurofisiológicos, porém sabemos de causas psicossociais na forma que sente e se vivencia a dor. No entanto esta concepção implica a dor como uma experiência corporal prévia, na qual se agregam significados psíquicos e culturais.
Porém considerar a dor um fenômeno sociocultural supõe considerar o corpo como algo real, mas que não existe fora do social. O social não atua nem intervém sobre o corpo pré existente. O social vê o corpo como realidade a partir de como a coletividade o vê. O significado do corpo é produzido em cultura e sociedade.
A singularidade da dor assim como sua subjetividade nos dá a chance para se pensar na relação entre indivíduos e sociedade. A experiência individual instala-se em contextos coletivamente elaborados. Todas as experiências individuais, modo de ser, sentir ou agir são sentidas com referência da sociedade a que pertencem. Apesar da individualidade dos sentimentos, o significado de toda experiência humana tem sempre um fundo histórico-cultural que é transmitido pela socialização.
O processo de socialização corresponde a dois momentos indissociáveis: confronto do indivíduo com a sociedade como realidade objetiva;a interiorização desta como