SOCIOLOGIA
Uma comunidade é, antes de tudo um espaço de trocas que vai de mercadorias, informações, favores, até a troca de mulheres (casamentos), etc.
O livro “A Sociedade contra o Estado” do antropólogo francês Pierre Clastres, tem um capítulo dedicado ao estudo dos integrantes de uma comunidade indígena nômade chamado Guaiaki que vivem na fronteira noroeste do Brasil. Começou descrevendo seus objetos, seus usos e costumes e lá pelas tantas este antropólogo começa a interpretar as funções destes objetos, os contextos e seus significados. Naquela sociedade, a sobrevivência de um membro estará comprometida se abater-lhe a “Pané”, espécie de maldição.
O capítulo “O arco e o cesto” desse livro tem o nome dos mais importantes objetos ou símbolos da tribo, que interfere nas existências e define os papeis ou caçadores ou coletores, respectivamente para homens e mulheres. Como regra não é permitido a troca de papeis, cada um cuida com maestria de sua área de competência, não sendo admitido ingerências externas. Porém, se um homem toca um cesto ou se uma mulher toca o arco, o homem se sente amaldiçoado perdendo o status de caçador colocando em risco de vida a si e sua família, uma vez que a caça é a principal fonte de nutrientes tendo na coleta um complemento.
Dentre os vários pontos interpretados pelo autor, um chama a atenção que é a relação do caçador com a caça. O melhor caçador não é o que mais acumula, mas o de mais habilidade, já que sobrevive da caça do outro, ou seja, cada um caça para a tribo e não pode comer de sua própria captura. Se assim o fizer, será amaldiçoado pela “pané”, o que é uma vergonha, uma desonra uma mudança de sexo para a comunidade, vindo a se tornar um pária, portanto, exposto à extinção.
Ocorre também que em relação aos sentimentos que um caçador experimenta na sua atividade solitária e quase egoísta, não deve interferir no desejo de fracasso do outro, já que corre o risco de passar