SOCIOLOGIA - MAX WEBER
João Teixeira Lopes
Resumo: O itinerário teórico que apresentamos neste artigo pretende ser um contributo para a construção de modelos de análise sobre o trabalho de mediação exercido pela esfera simbólica no decorrer dos processos de mudança social. Mais do que mero interface ou zona de fronteira, falamos, afinal, de uma mediação dialéctica, capaz de transformar os campos que coloca em interacção, ao mesmo tempo que a si mesma se modifica. Aliás, a esfera simbólica remete-nos para um jogo de espelhos entre uma face visível e uma outra recôndita - a evocação de algo ausente. Tornar esse ausente presente é uma das motivações da análise sociológica do simbólico.
Se é verdade que a ordem simbólica é um veículo de expressão das sociedades, um conjunto de representações que os agentes sociais elaboram a propósito de si mesmos, da sua Ínterrelação e do mundo em que habitam, então essa esfera transporta consigo os processos de construção de sentido. Mas não se trata de um sentido puramente abstracto, formal ou categorial. Existe uma correspondência, não automática, não semelhante à reprodução em duplicata, face ao real e às práticas sociais. Desta forma, estudar o simbólico e a complexa cadeia do sentido, reenviar-nosá, simultaneamente, para o homem concreto e real, condicionado pelas suas condições materiais de existência e para o sujeito autónomo, reflexivo, inventivo e imaginativo que, aproveitando brechas, campos de possíveis ou mesmo subvertendo e alargando estreitas margens de manobra, constrói quotidianamente a sociedade e o próprio real, afastando-se do modelo do "sonâmbulo social", dependente e encarcerado pelas configurações sociais onde se move.
No estudo da relação entre os fenómenos culturais e a estrutura social, têm os primeiros sido vítimas de um erro teórico fundamental: ora são considerados como uma entidade autónoma e desligada dos enraizamentos societais, ora