Sociologia das relações raciais - Frantz Fanon
Este trabalho tem como objetivo fazer uma releitura da obra “Pele negra, máscaras brancas”, de Frantz Fanon, e contrastar as ideias principais do livro com a realidade social brasileira. Essa obra em específica é importante porque trata da construção do preconceito racial, na esperança de pensar uma maneira de superá-lo nas sociedades ocidentais. Fanon nasceu em 1925, em Fort-de-France, Martinica. Saber suas origens é fundamental para compreender a obra do autor. A Martinica, hoje, é um departamento ultramarino francês, tendo sido, até 1946, colônia de exploração francesa. Sua população de aproximadamente 400.000 pessoas é majoritariamente preta, descendente dos ex-escravos utilizados como mão-de-obra na colônia. Não é à toa que temas como o colonialismo e a questão racial são tão vivos na obra do autor; mais que interesse acadêmico, são temas que fazem parte de sua experiência de vida. Psiquiatra por formação, Fanon se dedicou a estudar as consequências psicológicas do preconceito de cor e da colonização, tanto no elo fraco da relação, quanto no elo forte. Além de pesquisador, Fanon também esteve vinculado com movimentos anti-coloniais ao longo de sua vida, estando diretamente ligado ao movimento de independência da Argélia, onde seu corpo foi enterrado após sua morte.
2. PELE NEGRA, MÁSCARAS BRANCAS
Do original em francês Peau noires, masques blancs, publicada em 1952, esta é a principal obra de Fanon referente à reflexão sobre o preconceito de cor. Por meio de análise histórica, sociologia e psicológica, ele busca compreender as bases desse preconceito para propor uma maneira de superá-lo. O homem negro, segundo o autor, se sente inferiorizado e dependente em relação ao mundo branco, problema este que atravessa processos históricos como a colonização europeia e a aculturação dos povos negros. O sentimento de superioridade do branco (e, consequentemente, de inferioridade do negro) é trabalhado cotidianamente nas sociedades