Sociologia da Saúde
I - A saúde, a doença e a medicina no contexto da sociologia1
1. Definição de saúde
O que se entende por saúde?
Segundo René Dubos, não há uma definição universal de saúde. O que se entende por saúde e doença varia de individuo para individuo (cada indivíduo para atingir os seus objectivos de vida necessita de uma saúde que lhe é particular), de contexto social para contexto social, de sociedade para sociedade, de cultura para cultura e até entre grupos sociais.
A saúde e a doença são realidades construídas socialmente. Socialmente construiu-se a ideia de saúde associada à norma e, de doença ao desvio em relação a essa norma; por exemplo, outrora, a homossexualidade era considerada uma doença, diagnosticava-se e esperava-se encontrar uma cura, porém, fruto das inúmeras mudanças sociais e culturais, bem como dos avanços científicos operados na área da medicina esta deixou de ser medicamente encarada como uma doença.
Apesar de não existir uma definição universal de saúde, a definição proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) encontra-se bastante difundida. Segundo a OMS, a saúde é um estado de completo bem-estar físico, psíquico e social e não a mera ausência de doença. A adopção desta definição acarreta inúmeros problemas: dificuldades ao nível da sua operacionalização, nomeadamente em construir indicadores sensíveis na estimação do completo bem-estar nas suas três dimensões; dificuldades na passagem da noção abstracta e generalizável à sua expressão estratificada por sexo, idade, classe social, entre outras dimensões.
2. A construção social da doença
Sempre que queremos reunir elementos que nos permitam reflectir sobre a problemática da saúde e da doença, depara-se-nos a dificuldade de contornarmos o peso das componentes de ordem individual e subjectiva que conformam necessariamente o entendimento destes fenómenos. De facto, embora seja o nível individual o nível analítico preferencialmente usado nas abordagens