Sociologia da leitura
SOCIOLOGIA DA LEITURA
Hesther Louise
303
Passo Fundo, novembro de 2012.
“Reconhecer não é ler”, escreveu o educador francês Jean Hébrard. Ou seja, repetir o som e a sequência de letras empregadas em uma palavra, reconhecer seus fonemas e grafemas, não passa disso, uma observação da linguagem em sua ordenada apresentação. Ler é compreender: este se tornou o lema dos pedagogos a partir da segunda metade do século XX, época em que apenas a decifração do escrito se torna insuficiente, sendo necessário compreendê-lo.
Pouco estudada no Brasil, e possivelmente em todos os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, a sociologia da leitura é um campo que analisa esta prática social que envolve também cultura, política, instrução, conhecimento e autoconhecimento. Este estudo feito pelas sociólogas francesas Chantal Horellou-Lafarge e Monique Segré, e transformado no livro “Sociologia da Leitura” (Ateliê Editorial, 160 páginas, tradução de Mauro Gama), enriquece a bibliografia sobre o assunto e ajuda a compreender melhor uma prática talvez usual, genérica, mas pouco discutida. Esta leitura sobre a leitura, uma conveniente metaleitura, aborda seu papel e sua importância na cultura tanto de uma sociedade leitora, ou não leitora, quanto do ser individual, de sua influência na economia, do crescimento de um lugar e do próprio crescimento.
Antes de entender a leitura é preciso entender a escrita, porque aquela surge desta. O primeiro capítulo do livro, “A leitura e seu suporte”, é uma interessante aula de história sobre o surgimento do ato de escrever, do papel, dos meios de produção do mercado editorial, desde os primeiros séculos até hoje. Hodiernamente, lê-se sem compreender a história da leitura, e sobretudo a história da escritura que só passa a existir quando lida. Aqui as sociólogas deslindam as etapas que fizeram surgir a escrita, desde a ideográfica, passando pelo acréscimo das sílabas em que cada sinal