sociologia atual
Toda a sorte de comentários e críticas foi feita ao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado na última segunda-feira, 22 de janeiro, pelo governo Lula. Mas a mídia “esqueceu” de levantar um ponto crucial: de que crescimento estamos falando?
A obsessão pelo aumento do PIB obliterou a discussão sobre o tipo de crescimento que a sociedade brasileira precisa. No final do ano passado, uma mesa-redonda realizada na PUC de São Paulo passou quase despercebida pela mídia, embora tocasse em pontos fundamentais.
O primeiro deles, de que o PIB é uma péssima régua para se medir tanto o desenvolvimento como a riqueza da sociedade. O segundo, de que há indicadores muito mais completos e sofisticados para traduzir a realidade em que vivemos – feita não apenas de dados econômicos, mas sociais, de qualidade de vida, distribuição de renda e preservação de ativos ambientais.
Economistas no mundo todo desenvolveram uma série de indicadores para suprir a deficiência do PIB e até mesmo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Uma boa leitura sobre o tema é Reconsiderar a Riqueza (Editora UnB), em que Patrick Viveret, filósofo e conselheiro do Tribunal de Contas da França, demonstra que o crescimento por si só não necessariamente é um dado positivo.
O importante, diz ele, é a forma como é obtido. Guerras, desastres naturais e acidentes de trânsito, para dar exemplos extremos, são grandes impulsionadores do PIB.
Na mesma linha, Jean Gadrey e Florence Jany-Catrice, prefessores de Economia da Universidade de Lille, na França, escreveram Os Novos Indicadores de Riqueza (Editora Senac).
No Brasil, o crescimento via de regra foi medido sem levar em conta a má distribuição de renda, os prejuízos sociais e depleção dos recursos naturais. É como se o motorista de táxi considerasse como lucro apenas o valor da corrida, sem subtrair gastos relativos à depreciação do automóvel, à manutenção e ao combustível.
É com essa analogia que o