Sociologia aplicada a Psicologia
Maria Luiza Heilborn
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
RESUMO
Este artigo trata dos mitos e comportamentos sexuais, com o objetivo de demonstrar a natureza fabricada da representação acerca da sexualidade brasileira como altamente erotizada e maleável. A partir de uma visão construtivista da sexualidade, os mitos em torno da natureza sexual dos brasileiros são analisados. Vigora no país a representação de que a cultura brasileira é muito aberta sexualmente, expansiva e – calorosa o que se constitui como referência positiva para a identidade nacional. A partir de dados provenientes de um inquérito domiciliar realizado em três cidades de distintas regiões do país, com jovens de ambos os sexos, de 18 a 24 anos, e de dados históricos, o artigo busca demonstrar que os comportamentos sexuais não correspondem à imagem socialmente difundida da sexualidade brasileira, fortemente codificada por relações de gênero.
Palavras-chave: sexualidade; comportamentos sexuais; juventude. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2006000100004&script=sci_arttext Este artigo trata dos mitos e comportamentos sexuais, com o objetivo de demonstrar a natureza fabricada do mito da sexualidade erotizada brasileira. Ele está estruturado em três partes: na primeira, são apresentadas as idéias e hipóteses que orientam uma visão antropológica da sexualidade. Adoto uma perspectiva construtivista da sexualidade,1 que busca desnaturalizar esse domínio. O argumento da construção social do sexual considera que essa dimensão humana não é natural, nem universal em sua forma de expressão, nem inata e, de um ponto de vista sociológico, não pode ser interpretada como pulsão psíquica ou função biológica. Os antropólogos e sociólogos consideram que a expressão da sexualidade se dá em um contexto social muito preciso, o que orienta a experiência e a expressão do desejo, das emoções, das condutas e práticas corporais.2
Na segunda parte