Sociodiversidade
Recriar as culturas a partir das opções citadas significa resgatar e valorizar a
identidade cultural dos diferentes povos, isto é, dar-lhes a possibilidade de reproduzir
sua cultura e de decidir o uso dos elementos que a compõem: recursos materiais e
tecnológicos, tipos de organização social, conhecimentos, símbolos, crenças e valores.
Aqui incluem-se padrões próprios de organização social, política e econômica, entre
eles o acesso à terra. Diferentes modos de vida constituídos historicamente por
diferentes povos que apresentam diferentes vivências da territorialidade e relações com
o meio ambiente nos exigem uma reflexão conjunta sobre a questão da terra, da
diversidade sociocultural e da sustentabilidade ambiental. Assim, os conceitos de
multiculturalidade, sociodiversidade e biodiversidade são inseparáveis.
O professor Mauro Leonel (2000), ao estudar o conceito de biosociodiversidade,
relaciona intimamente a conservação da biodiversidade com a garantia das terras e
direitos das populações tradicionais. A grande sociodiversidade existente no interior do
Brasil (grupos indígenas, pequenos produtores rurais, assentados da reforma agrária,
pequenos posseiros tradicionais, comunidades extrativistas, grupos de “alternativos”
migrantes da classe média urbana em direção ao campo), representa um grande desafio.
Apenas os grupos indígenas no Brasil têm mais de 500 áreas, 180 idiomas e organização
social diferente das de ribeirinhos, quilombolas ou extrativistas.
É um desafio do tamanho da Amazônia, possuidora do 15 a 20% do número total
de espécies vegetais do planeta, 10% dos mamíferos e anfíbios e 17% das aves. Para
este pesquisador brasileiro, a coincidência da concentração da biodiversidade em
territórios ocupados pelas populações e culturas tradicionais, interliga o tema da
preservação dos recursos da natureza com a defesa dos direitos da