Sociedades modernas

992 palavras 4 páginas
Na obra ‘’ O cavaleiro inexistente’’, o escritor Ítalo Calvino desenvolve um personagem de uma subjetividade provavelmente muito comum pelos cursos acadêmicos de matiz dogmática fundada num positivismo mal adaptado às latitudes tropicais macunaímicas e espiritualmente colonizadas. Comum a ‘’academias academicistas’’, mosteiros, conventos, exércitos, corporações, banhadas pelo monasticismo. Ironicamente, '' O cavaleiro inexistente'', é narrado por uma freira, que reside num convento, provavelmente, também, ''inexistente''. E que provavelmente só existe pela força do nome proveniente das honras do passado. Tal qual uma ''Casa do Tobias''?

Agilulfo é o personagem principal do livro. É o cavaleiro de armadura branca, neutra, que logo no primeiro capítulo revela-se fisicamente inexistente. Um ''ser'' sem ''existir''. Um alguém que apenas segue um ‘’dever ser’’, que subjetiva em si apenas um ‘’deve ser’’ e que nunca ''é'', e que provavelmente nunca chega a ‘’ser’’. Agilulfo é uma espécie de materialização da ''persona'' sintetizada por Dostoiévski, no seu ''Notas do Subterrâneo''. Essa persona é um ser humano amargo, isolado, sem nome, alienado da sua subjetividade e dos seus sonhos (chamado geralmente de Homem subterrâneo).

Assim como o Homem Subterrâneo, Agilulfo, não menciona seu nome em nenhum momento. Por dentro de sua couraça há um grande vazio e ainda assim Agilulfo pode ser considerado o mais completo, competente, preparado e dedicado paladino da França, dada a sua determinação e força de vontade a seguir os deveres militares, honrarias, e hierarquias da formal cultura militar. Parece-me com Agilulfo, inclusive, um(a) operador(a) do direito que no lugar de existir e ser um individuo com voz própria, um alguém com autonomia dentro do mundo do direito, é apenas um operador(a), um(a) operárix sem alma ou vida própria.

Para Agilulfo, a razão é talvez a maior crença e aliada e faz com que ele execute todas as tarefas com muita destreza e viva em busca

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