Sociedade e natureza
As últimas descobertas arqueológicas na bacia guatemalteca de El Mirador reforçam a teoria de que os maias, antiga civilização construtora de cidades formidáveis, desapareceram por causas ambientais como o desmatamento. A exposição “Maias: do Alvorecer ao Crepúsculo”, que vai até 2 de outubro no Musée du Quai Branly, em Paris, apresenta 150 peças de arte e cerâmica procedentes de El Mirador, norte da Guatemala, e ilustra a complexidade científica e artística da civilização mesoamericana. As peças – vasos, esculturas, pedaços de monólitos (pedras talhadas) e de relevos – foram encontradas no sítio arqueológico do departamento de El Petén, no norte do país, perto da fronteira com o México. As obras pertencem aos períodos pré-clássico e clássico da civilização maia, aproximadamente entre o ano 1000 a. C e 900 d. C. A civilização maia se desenvolveu ao longo de aproximadamente três mil anos desde o estabelecimento das primeiras aldeias em uma extensa área: o extremo sudeste do México (Estados de Yucatán, Campeche, Quintana Roo, e partes de Tabasco e Chiapas), os territórios da Guatemala e Belize, e o ocidente de Honduras e El Salvador. E, de fato, ainda existem, pois mais de quatro milhões de pessoas continuam falando as muitas línguas maias em toda a Mesoamérica. A bacia de El Mirador foi um sofisticado complexo urbano, com numerosas cidades de grande extensão, entre elas El Mirador, Nakbé, El Tintal, Wakná e a recém-descoberta Xulnal, unidas por estradas de até 50 metros de largura e várias centenas de quilômetros de comprimento. O sítio inclui edifícios de até 70 metros de altura e volumes superiores a dois milhões de metros cúbicos, maiores do que as pirâmides do Egito. Ao mesmo tempo que ilustram sobre o alto grau de desenvolvimento científico e artístico dos maias, a cerâmica, e sobretudo a arquitetura, sugerem que o colapso foi causado pela degradação ambiental da região, afirma o arqueólogo norte-americano Richard Hansen,