Sociedade e mundo moderno
A burguesia foi, assim, em determinado momento, um classe revolucionária, que impôs gradualmente à nobreza feudal a aceitação de suas necessidades até o momento em que a manutenção de seus privilégios se tornou insustentável: o poder da nobreza já não fazia sentido em uma sociedade cujo modo de viver deixara de ser organizado à sua lógica. A partir desse momento, essa referência seria burguesa.
A burguesia criou um modo de produção que é vigente até os nossos dias: o capitalismo. O capitalismo consiste basicamente na produção coletiva de mercadorias sob a estrutura da propriedade privada. Isso significa que algumas pessoas têm meios de produção – máquinas, ferramentas, fábricas – que são ‘emprestados’ a um grupo bem maior de pessoas; estas, orientadas e ordenadas, irão produzir mercadorias em troca de um salário que garanta sua subsistência. Essas mercadorias são vendidas pelo proprietário daqueles meios de produção, e seu excedente monetário em relação ao custo, pela exploração das horas de trabalho ou pela evolução das tecnologias produtivas – ou seja, pela exploração multiplicada do trabalho –, é a matéria de sua prosperidade.
Esse modo de produção criou um tremendo conflito, que foi um prato cheio para que o materialismo histórico se fortificasse.
O Manifesto do Partido Comunista é uma síntese das contradições observadas por Marx e Engels no bojo da revolução burguesa alemã, 50 anos após a tomada da Bastilha. A força com que a burguesia organizava na Europa esse novo modo de produção incendiou o pensamento de Marx e