Sociedade e cultura alemãs
Os Discursos à Nação Alemã proferidos por Johann Gottlieb Fichte, no Inverno de 1807-1808, surgem em sequência da humilhante ocupação de Berlim, pelas tropas de Napoleão. Devido ao seu carácter polémico, ainda hoje, são considerados o fundamento da construção duma ideologia nacionalista, que traria a desgraça, não só sobre o espaço alemão, como a todo o espaço europeu.
No entanto, eles têm que ser analisados no seu contexto histórico e temporal, uma vez que, «na Alemanha, se assistiam a profundas alterações territoriais, sociais e económicas que caracterizaram o fim de um regime ancestral e o despertar da Alemanha como Nação» [Internet, recurso n.º 1].
Recorrendo a uma série de argumentos, Fichte procura despertar no povo alemão um sentimento de unidade e de autonomia, com o objectivo político de lançar os alicerces para a formação de um Estado Superior aos outros que, como legítimo sucessor do Império Romano, o Heiliges Römisches Reich Deutscher Nation, fizesse face ao invasor, mesmo a custo da vida dos seus compatriotas, pois, assim, ganhariam a imortalidade, conforme revelam as frases do último parágrafo do seu Oitavo Discurso: «e de ordenar os remitentes que arrisquem tudo, até a própria vida» e «a promessa de uma vida neste mundo para além da duração de uma vida neste mundo».
Com o intuito de apresentar soluções para a nação, Fichte sugere «proponho, como único meio de conservar a Nação Alemã, uma alteração ao método educacional tradicional» [Cit. por OPITZ (1998), pág.127], devendo o povo alemão tornar-se consciente do que significa ser alemão e ser estrangeiro, sublinha, «caricaturalmente as semelhanças internas e as diferenças externas em relação a outros povos e nações, redimensiona-se e, em alguns passos, profetiza-se uma Alemanha unida no futuro», e conclui, «as diferenças entre os alemães e os outros povos de origem germânica residem na etnia, na língua, no território e na memória de um passado histórico