Sociedade, Trabalho e Gerência em Transformação

“Sociedade, Trabalho e Gerência em Transformação” “As ideias dominantes numa época nunca passaram das ideias da classe dominante.”, escrita por Karl Marx a mais de um século, não foi desatualizada pelo tempo, e sim, fortalecida. A crítica de Marx a respeito da dominação das idéias de um grupo dominante se aplica fielmente as mudanças recentes no modo de trabalho, nas formas gerenciais e na sociedade, provocados pela reestruturação produtiva por que passou a economia mundial desde o começo dos anos 80. A questão a ser respondida é: o novo padrão tecnológico modificou a sociedade, ou apenas foi adequado aos interesses do capital? Harvey (1992) guia seu argumento sobre a necessidade de transição do modelo do antigo capitalismo fordista para um capitalismo flexível seguindo a corrente da economia política marxiana, que chamava a atenção para três características do sistema: o capitalismo é voltado para o crescimento, esse crescimento é gerado pela exploração do trabalho e há nele a necessidade de dinâmica tecnológica e organizacional, e que por considerá-las contraditórias e inconsistentes, o sistema tende a gerar crises, fato comprovado durante a história e, no caso em estudo, na crise de superprodução dos anos 70. Uma alternativa encontrada pelos capitalistas fordistas, e posteriormente flexíveis, foram os deslocamentos temporais e espaciais. Contudo, no decorrer dos anos tais métodos se mostraram ineficazes, gerando crises e maior endividamento. Surge então o capitalismo flexível com novas estratégias que mantivessem o lucro, apoiado em duas estratégias definidas por Marx – a mais-valia absoluta, apoiada na extensão da jornada de trabalho com um salário necessário para garantir a reprodução da classe trabalhadora, e a mais-valia relativa, apoiada na mudança organizacional e tecnológica. É nesse contexto que o Toyotismo ganha maior espaço nos modelos industriais de produção. O Toyotismo, criado na década de 50 no Japão, atinge o mundo ao final dos anos