Sociedade letrada
Há uma definição única e restrita quanto ao conceito de sociedade letrada/iletrada, bem como indivíduo letrado/iletrado?
Os dicionários da língua portuguesa definem os vocábulos letrado e iletrado, por exemplo, no dicionário Aurélio o verbete letrado é definido como “que ou quem é versado em letras; erudito”. No entanto, iletrado “que ou quem não tem conhecimentos literários; analfabeto ou quase”. Mediante essas definições percebemos que esses adjetivos não tem relação com o sentido do letramento, pelo qual estamos tratando. Os termos que, normalmente, são abordados em trabalhos sobre o letramento não se assemelham ao dos dicionários, e ainda, também poderíamos considerá-los como novos vocábulos.
Vimos, anteriormente, que devemos analisar bem antes de aplicar o termo letrado, e principalmente, iletrado. No nosso ponto de vista, que necessariamente, é o mesmo da autora, do livro “Letramento e Alfabetização”, de Leda Verdiani Tfouni, o termo “iletrado”, bem como “iletramento” é impraticável, no que diz respeito à sociedades tecnologizadas. Ela registra em sua obra algumas passagens de Ginszburg (1987), dentre elas a história de um homem que viveu no séc. XVI chamado Menocchio que foi perseguido, torturado, e condenado à morte porque suas idéias foram consideradas ofensivas e cheias de heresias. Ele pertencia à classe subalterna, mas sabia ler e escrever, o que não era muito comum naquela época. Comenta a autora que Menochio não foi condenado apenas por saber ler e escrever, mas sim, porque fazia suas próprias interpretações dos textos bíblicos e da religião, como também particularizou a releitura dos mesmos textos com “materialismo elementar, instintivo, das gerações de camponeses”, foi isto o que fomentou uma sumária perseguição por parte da Inquisição. Achavam eles que, só os eclesiásticos católicos detinham o poder de interpretação da Bíblia Sagrada. Ele, assim, foi considerado perigoso por que entendeu que quem tivesse a capacidade de