Sociedade civil em Gramsci- Ventura e desventura de um conceito
Texto: Sociedade civil em Gramsci- Ventura e desventura de um conceito
Sonia Regina Mendonça
O início do texto aponta para interpretações trazidas por alguns pensadores como Bianchi, Noberto Bobbio, Liguorio sobre Sociedade Civil trazida por Gramsci em seus escritos do caderno do Cárcere. A autora chama a atenção para a forma reducionista do conceito de Estado tomado por Bobbio, que se tornou o cerne de leituras posteriores das obras de Gramsci. “Segundo esta apropriação, a unicidade entre sociedade política e sociedade civil, entre ditadura e hegemonia e demais díades gramscianas, é completamente rompida, erigindo-se, em seu original lugar, um suposto antagonismo entre os termos”. (p. 15). Merece ainda destaque da leitura de Bobbio, “sua cegueira quanto ao fato de ser a sociedade civil em Gramsci o caminho por cujo intermédio ele enriqueceu, com novas determinações, a teoria de marxiana do estado, ampliando e completando-a”. (p. 16). Dessa forma, a leitura “bobbiana” sobre Gramsci traduz em equívocos perniciosos que o trazem como um “coparticipe da tradição liberal”.
Neste sentido, a autora busca resgatar “o conceito de sociedade civil em Gramsci como inseparável da noção de totalidade, claramente imbricada, desde sua concepção original em Marx e Engels, á luta entre as classes sociais e suas frações... O conceito se liga ao âmbito das relações sociais de produção da vontade coletiva e ao papel que ambas desempenha o Estado”. Mais ainda “a sociedade civil constitui-se em uma das bases instituintes do conceito de Estado ampliado – ou integral- em Gramsci, juntamente com a noção de sociedade política... ambas integram a noção marxista de totalidade, indissociável e orgânica”.
“O cerne do conceito de sociedade civil em Gramsci refere-se á configuração e á vontades coletivamente organizadas, implicando em visões de mundo, em consciências sociais e em formas de serem adequadas -ou opostas- aos interesses burgueses”. (p. 17).
A sociedade civil