soci
O patrimonialismo é a característica de um Estado que não possui distinções entre os limites do público e os limites do privado. Nas ciências sociais, o conceito tem sua origem em Max Weber (l864-1920) que, essencialmente trata da privatização do público, ou seja, a indistinção das esferas públicas e privadas e o uso privado da chamada “coisa pública”.
O coronelismo define-se pela manifestação de fidelidade pessoal do eleitor a um chefe político – o coronel (LEAL, 1986, p. 25). Como tal, o voto não é redutível nem ao mecanismo da troca mercantil, nem às formas de coerção física. Ao contrário, a legitimidade do ato eleitoral como uma obrigação moral se concretiza na doação pura e simples do voto ao candidato do coronel.
A condição socioeconômica para a proliferação do voto de barganha é a predominância de relações de produção capitalistas, basicamente a conversão da força de trabalho, através do assalariamento, em mercadoria – o que pressupõe a existência do trabalhador livre, isto é, despojado dos meios de subsistência, em particular do vínculo à terra. Trata-se do trabalhador que abandona a condição da dependência pessoal (o colonato, a moradia) frente ao dono de terras, para se submeter à dependência impessoal (o assalariamento) relativa às coisas.
O clientelismo é consequência direta da apropriação privada da coisa, do Patrimonialismo, em que se barganha o voto, o que representa uma corrupção (distorção) do processo eleitoral. Uma expressão característica do clientelismo é o voto mercadoria, ou seja, a relação de barganha, em torno de vantagens materiais, entre o eleitor e um candidato local (da comunidade – bairro, vila, pequena cidade, favela...) com algum potencial eleitoral e vinculado a um “político de clientela”. Este não se vê como um representante da sua comunidade ou do grupo de interesse que deseja transformar em base política, mas como um comerciante, um negociador que possui um bem (um cargo