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Uma das primeiras e mais permanentes questões filosóficas, a existência de um deus - qualquer que seja - faz parte daquele grupo de perguntas sem respostas que pululam a mente humana. Mas, veja bem, não se trata aqui de uma divindade cósmica personalizada com identidade própria, mas a ideia de uma força criadora e matriz do universo. O que usualmente fazemos é atribuir uma personalidade - completa com desejos e modos próprios de pensar - que nos permita uma relação pessoal e próxima dessa entidade.
O que Transcendence faz é apontar esse segundo ponto: o Deus personalizado é uma criação humana. O cientista interpretado por Depp flerta com a possibilidade real de criar uma inteligência artificial superior à inteligência humana, que poderia agir como a consciência cósmica ordeira que tanto gostaríamos que houvesse. Obviamente o filme não responde diretamente à pergunta, mas promove uma parábola moderna relativa a um Deus criado e não um Deus criador. O que decepciona é o desperdício de oportunidade com uma mensagem final chinfrim do tipo "A humanidade ainda não está preparada".
Ao ter sua consciência transferida para uma máquina e conectar-se à internet, Depp tem acesso a toda e qualquer informação produzida e em produção na história da humanidade. Com o conhecimento sobre tudo e sem nenhum tipo de barreira que o impeça de utilizá-la, ele se torna a manifestação da inteligência de toda a humanidade. Isso lhe permite avançar muito mais em termos de compreensão e, em pouco tempo, de produção. Mais uma vez o filme flerta com questões éticas, mas não investe, sobrevoando baixo as implicações do acesso livre e irrestrito a informação que, inclusive, o personagem usa para aplicar na bolsa de valores. O conhecimento adquirido é usado também para resolver problemas da humanidade: doenças, fome, poluição...tudo resolvido através de nano robôs que podem infestar terra, água e ar. Esses nano robôs, conectados