Sobre o termo "lírica", para a poesia grega antiga

Sobre o termo “lírica” grega.

A partir de estudos modernos as poesias de elegia, jambo e mélica foram agrupadas sob um mesmo termo: lírica. Esse termo usado para simplificar a denominação dos gêneros poéticos, em questão, acaba por reduzi-los a um único gênero, sendo um assim um termo problemático.
Como já dito, um dos problemas é que o uso desse termo acaba por reduzir esses gêneros distintos em uma mesma coisa e por isso acaba não os abrangendo totalmente, já que não respeita suas diferenças e particularidades, que se dão tanto pela métrica utilizada, quanto pelos meios de performance (onde é apresentado, os instrumentos utilizados, se é recitado ou cantado) e também pelos temas trabalhados.
Outro problema é a analogia com a lírica moderna que pode desencadear visões românticas dos poemas. Essas visões românticas são anacrônicas, pois por meio delas acaba-se vendo e estudando os poemas antigos do mesmo modo que os modernos. E por conta disso acabam ocorrendo distorções como o biografismo, onde as histórias dos poemas são vistas como parte da história do autor; a inversão do “eu” dentro do poema, já que na lírica moderna o “eu” está em confronto com a sociedade e na “lírica” grega há a busca pela adesão do “eu” na sociedade; e uma leitura que busca o subjetivismo do poema, o que entra em discordância com o gênero do poema e ele em si, já que o mesmo é fruto de uma composição genérica (que todos conhecem) e tem por objetivo ser um discurso extremamente ligado a pragmática (em relação ao cotidiano da sociedade) e a tradição, o que se opõe ao subjetivismo buscado.