Sobre o processo de aprendizagem
Em todos os planos da estrutura social são produzidos sujeitos, não dá pra dizer que há lugares determinados, específicos, por exemplo, a escola, nos quais os sujeitos são produzidos. E em qualquer lugar existe um certo jeito “já dado” de se relacionar com o outro. Sendo assim, ao abordamos as diversas formas de aprendizagem, temos que pensar que sempre há algo que não está dado a priori. Devemos considerar que sempre há possibilidades do novo, de um jeito diferente e inesperado de aprender.
Segundo Guattari, escola e família contribuem para a mesma “função de equipamento coletivo” da força de trabalho, ao modelarem e adaptarem as crianças às relações de poder hegemônicas. As pessoas enquadram, canalizam um “trabalho de semiotização que passa cada vez mais pela televisão, pelos cinemas, pelos desenhos, pelos discos, pelas histórias em quadrinhos, etc”. E então, o que ocorre é que nos perdemos num excesso de estímulos que nos invadem, nos atravessam, sem que possamos retê-los e representá-los internamente, “sem agenciá-los segundo finalidades assumidas coletivamente”, e nos fechamos, tentando recriar antigos territórios (o corpo, a família, a escola, etc.) agora ameaçados e irreconhecíveis. Com isso, perdemos a chance de explorarmos experiências e nos reorganizarmos, adquirindo novas formas de estar no mundo.
Desta forma, a escola e as pessoas que lá trabalham e utilizam os seus serviços tendem a criar expectativas quanto ao aproveitamento e performance de seus alunos. A criança é vista como tendo “problemas” porque ela é comparada com outras, não é vista em sua singularidade. Cria-se então o fantasma da dificuldade de aprendizagem. Todos aqueles que não respondem positivamente aos estímulos e práticas escolares que visam à aprendizagem de conteúdos são vistos como problemáticos. Raramente vemos o movimento de reflexão quanto à possibilidade do problema e da dificuldade residirem no fato do aluno necessitar de uma forma ou modo bem diverso de