Sobre a obra
A obra "A Persistência da Memória" (figura 2) pintada a óleo, aplicado sobre tela com 24,1 por 33 cm, encontra-se exposta no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.
Figura 2. "A Persistência da Memória" (1934).
Fonte: www.salvador-dali.org
Na tela, estão representados três relógios moles que marcam diferentes horários. Ao fundo, está representada a paisagem de Porto Lligat, localizada no norte da Espanha e é uma referência à memória de infância do pintor. Segundo a interpretação de Dalí, o formato derretido dos relógios deriva da imagem de um queijo Camembert, que ele observava enquanto pintava a tela. As formas sensuais têm uma evidente conotação sexual, característica de outras obras do artista. No centro, a figura simula o retrato do artista, outra característica marcante nas suas obras, a autorretratação.
Dalí via os relógios como instrumentos normalizadores e exatos que traduziam de forma objetiva a passagem do tempo. O fato de os dotar de formas orgânicas remete-os para o universo de prazer, recordando a dimensão fugídia do tempo e o sentido da ambiguidade que a evolução temporal introduz pelo cruzamento da percepção da realidade com a causalidade e inexplicabilidade da memória.
Nessa pintura, Dalí traduziu seu interesse na inexplicabilidade do tempo e o entendia como objeto não passível de ser moldado. Por isso, buscou nas ciências modernas o cruzamento de teorias mais abstratas da física, como a teoria da relatividade de Albert Einstein (1879-1955), que colocou em causa a ideia de espaço e tempo fixos, com as pesquisas de Sigmund Freud (1856-1939) que enfocavam o inconsciente e a importância dos fenômenos dos sonhos.