Sobre a interven o nos bustos da Pra a da Gentilândia

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[sobre a intervenção nos bustos da Praça da Gentilândia, Benfica]
[http://goo.gl/cZyfO5]
Um corpo sem vibratibilidade permanece na estaca zero, isento de potencial afetivo e preto e branco. Em contraste vazio do incolor, as cores nascem e misturam-se permitindo o manifesto do que é vivo e o vigor de uma existência que faz questão de ser percebida. Na cidade, pelas inúmeras cores que gritam e disputam por olhares, uma profusão de afetos a atravessa. Prédios, lojas, monumentos, vitrines, grades, praças, placas de sinalização e calçadas se fazem visíveis para construir uma lógica – a da grande metrópole, no caso de
Fortaleza. No espaço onde essa lógica é incorporada, enquanto poucos conseguem exibir as marcas que carregam em lugares exclusivos, à maioria resta as entranhas do entulho, condição que traça o periférico. Contra essa imposição de um sistema que insiste em excluir, os sussurros dos insatisfeitos se transfiguram em berros, clamor que incomoda, principalmente os que estão acostumados a ouvir vozes sempre na mesma frequência. “Um pichador ele sempre vai andar olhando pras paredes”, soltou um aventureiro que conheci.
Nesse sentido, o pixo fica registrado, mas o olhar do pixador continua em trânsito, perdido. Um olhar perdido que não possui a limitação de percorrer constantemente os mesmos lugares e se permite experienciar a rua. Em meio a desordem do meio urbano, conhecer a rua é viver a cidade. Pois então, depois de dezoito anos morando no Benfica e frequentando ocasionalmente a Praça da Gentilândia, conheci João Gentil, o fundador do bairro. Agradeço aos intervencionistas, primeiramente, por terem me apresentado o homem, e, em segundo, por ter sido em cores, resgatando a vibratibilidade não só do monumento, mas também de João.

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