Sobre a experiência
O conceito de experiência é fortemente trabalhado na obra crítica de Walter Benjamin. A primeira reflexão a respeito desse conceito é feita no texto “Experiência”, publicado em 1913 na revista Der Anfang (O começo), em que Benjamin afirma que a experiência é a máscara atrás da qual o adulto se esconde, máscara essa lhe atribuiria uma autoridade sobre o jovem inexperiente, repleto de anseios e de valores que a experiência do adulto supostamente comprova serem fruto de uma ingenuidade própria dessa fase da vida. O adulto já experimentou a “falta de sentido da vida” e essa falta de sentido é tomada como uma verdade absoluta, invalidando e desvalorizando as futuras experiências do jovem, através das quais ele desenvolveria suas próprias verdades.
Mas por que então a vida é absurda e desconsolada ao filisteu? Porque ele só conhece a experiência, nada além dela; porque ele próprio se encontra privado de consolo e espirito. E também porque ele só é capaz de manter relação intima com o vulgar, com aquilo que é o “eternamente ontem”.1
O adulto vive no passado, enquanto que o jovem anseia pelo presente e pelo futuro. O jovem Benjamin se rebela a esse conformismo, afirmando que é necessário manter-se eternamente jovem de espírito, pois assim, e somente assim, não se deixará entorpecer pela “resignação apática” que acomete esses adultos, que ignoram o potencial de mudança.
Nada é mais odioso ao filisteu do que os “sonhos de sua juventude”. (E, quase sempre, o sentimentalismo é a camuflagem desse ódio). Pois o que lhe surgia nesses sonhos era a voz do espírito, que também o convocou um dia. A juventude lhe é a lembrança eternamente incômoda dessa convocação. Por isso ele a combate.2
Esse espírito do qual fala Benjamin é justamente a grande diferença entre o jovem e o adulto que ele nos apresenta: enquanto que o adulto vivenciou suas experiências sem espírito, experiência essa que abraça a falta de sentido da vida, sem buscar uma verdade