sobre intervenção, trabalho de jorge sarriera
Jorge Castellá Sarriera/ UFRGS
O termo intervenção, procedente do latin ´inter-venio´, pode ser traduzido como ´vir entre´ ou ´inter-por-se´. Nos remete muitas vezes a lembranças negativas de fiscalização, controle e submissão ao poder, e, por outro lado, está sendo sinônimo atualmente de mediação, apoio, prevenção, educação e transformação. Ambas visões fazem parte deste conceito e estão presentes num continuum, nas coordenadas espaço-temporais em que se constitui como forma de ação. Intervêm o médico para a cura, intervêm o exército num desastre, intervêm o auditor numa fraude, intervêm, em geral, aquele que tem alguma autoridade (técnica, moral, política), para auxiliar, aferir, re-organizar, orientar a um grupo ou indivíduo.
Historicamente a intervenção social, presente desde a Idade Media, teve suas bases filosóficas fundamentadas a partir do século XVI, por Tomas Hobbes (1651) no Leviatán, monstruo-gigante bíblico que compara com o estado. Hobbes justificava que para passar do estatus natural e ´primitivo´ do ser humano para uma sociedade civilizada, há necessidade de um pacto de subjeção, necessitando delegar a vida dos homens a um soberano. Assim, segundo o filósofo, se evitaria a desordem e as guerras e se justificaria a manutenção de um estado forte que exercesse o poder, almejando a harmonia social. O conflito social teria que ser de alguma forma controlado, na maioria das vezes, através de instituições sociais que deveriam recuperar aos desadaptados sociais, ´anormais´, excluídos ou indesejados. No decorrer dos séculos seguintes, as intervenções sociais se manifestaram de formas diferentes, através de formas de assistencialismo, da educação nas escolas, da exclusão e confinamento dos indigentes e dos doentes mentais...Porém também no decorrer da história surgiram outras forças se contrapondo à discriminação social. Foi a Revolução Francesa (1789) com seus princípios