Sobre Heráclito e Aristóteles
Segundo a concepção Aristotélica, a causa do ser enquanto ser consiste na busca da unidade original acerca de toda e qualquer coisa, enquanto universal. Logo, também indaga as causas e os princípios primeiros das coisas. Para Heráclito, o fogo é, pois, o elemento primordial de todas as coisas. Um fogo transformador, consumidor, mais que uma corrente fluida, é um modelo de mudança constante, sempre se consumindo, sempre revigorado: "Acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas, o fogo, quando condensado, se umidifica e, com mais consistência, torna-se água; e esta, solidificando-se, transforma-se em terra; e, a partir daí, nascem todas as coisas do mundo". Sobre o princípio universal, Heráclito diz: "O ser não é mais que o não-ser", nem é menos; ou ser e nada são o mesmo, a essência é mudança. O verdadeiro é apenas como a unidade dos opostos. O absoluto é a unidade do ser e do não-ser. "Tudo flui (panta rei), nada persiste, nem permanece o mesmo", "não se pode entrar duas vezes na mesma corrente de um rio". Aristóteles diz que Heráclito afirma que é apenas um o que permanece; disto todo o resto é formado, modificado, transformado; que todo o resto fora deste um flui, que nada é firme, que nada se demora; isto é, o verdadeiro é o devir, não o ser.
Tudo é devir; este devir é o princípio. Isto está na expressão: "O ser é tão pouco como o não-ser; o devir é e também não é". As determinações absolutamente opostas estão ligadas numa unidade; nela temos o ser e também o não-ser. Dela faz parte não apenas o surgir, mas também o desaparecer; ambos não são para si, mas são idênticos. É isto que Heráclito expressou com suas sentenças. O não ser é, por isso é o não-ser, e o não-ser é, por isso, o ser; isto é a verdade da identidade de ambos. É um grande pensamento passar do ser para o devir; é ainda abstrato, mas, ao mesmo tempo, também é o primeiro concreto, a primeira unidade de determinações opostas. Estas estão